O termo ATACAREJO é um acrônimo das palavras Atacado e Varejo. Distante de ser uma modalidade nova de vendas, o sistema também não é assim tão antigo. O conceito surgiu nos anos de 1964 na Alemanha, quando Otto Beisheim abriu o primeiro estabelecimento de Cash and Carry na cidade de Mulheim. Sim, Cash and Carry, em tradução livre: pague e transporte, ou leve.
Febre na Europa, o conceito de Atacarejo logo atravessou o atlântico e chegou às Américas nos anos 70 do século passado. Nesta mesma época uma grande rede holandesa estabeleceu o conceito no Brasil, mais precisamente em 1972.
Com características próprias o nosso modelo, o atacarejo, nasceu para atender as Classes D e E, ganhando força nas periferias de São Paulo e Rio de Janeiro. Devido à crise econômica brasileira, consumidores das Classes B e C migraram para os atacarejos. Esse fenômeno também ocorreu nos Estados Unidos da América (EUA) com a crise de 2008. Passada a crise norte americana, os consumidores de lá ficaram cativos e não abandonaram os Cash and Carry.
No Brasil, segundo pesquisa do Instituto Data Popular, 53% dos consumidores entrevistados passaram a fazer compras nos atacarejos por causa da crise econômica dos últimos 3 anos. Quase a totalidade (98%) não pretende deixar de frequentar os atacarejos quando a situação financeira melhorar.
O sucesso dos atacarejos se reflete nos números. O atacarejo, segundo a Euromonitor Internacional, cresceu 11% no Brasil em 2017, e movimentou R$ 48,4 bilhões em vendas para o consumidor final. Já o varejo alimentar, que inclui supermercados, hipermercados, lojas especializadas em alimentos e bebidas e lojas de conveniência, cresceu 3,7%.
Um dos grandes atrativos do atacarejo é a precificação; o consumidor paga mais barato quando compra determinado produto em grande quantidade. Uma “mão na roda” para pequenos comércios como bares, lanchonetes, restaurantes, dentre outros. O consumidor no varejo também ganha ao comprar no atacarejo. Devido aos custos reduzidos de operação e negociações em grande quantidade com os fornecedores, o preço final para o varejo também é menor.
Os fatos não deixam dúvidas: o atacarejo é acima de tudo, democrático. Ele é acessível a todas as classes sociais; consegue praticar preços menores – fator imprescindível para atravessar momentos de turbulência na economia nacional -, e supre as necessidades de consumidores tanto do varejo, quanto do atacado.
Quem não se assusta com o preço do botijão de gás, não é? Ele tem sido um dos grandes vilões que diminui o poder de compra do brasileiro...